Relação Abusiva e o Processo Terapêutico

Foto por Odonata Wellnesscenter em Pexels.com

Atualmente o tema relacionamento abusivo está em voga dando-se deste modo ênfase às características e consequências tóxicas dessa relação. Aqui surge um pensamento: o que leva alguém a permanecer ou até mesmo se envolver nesse tipo de relação mesmo que não exista a consciência do sofrimento vivenciado?

Sabe-se que a infância é o ponto de partida para o desenvolvimento da visão de si, do outro e do mundo em que se vive por meio da experiência. Pensando em relacionamento, é neste período em que todos os registros no que se refere às relações serão iniciados. Ou seja, tanto o ambiente como outros fatores são fundamentais na construção de um bom desenvolvimento em todos os aspectos da vida do ser humano, inclusive os emocionais. Logo, por não conseguirem assimilar de modo crítico o que acontece dentro do núcleo relacional (este pode ser familiar ou outro)  a criança apenas absorve o que o ambiente lhe proporciona.

Deste modo cria-se a convicção de que o lugar de que ocupamos no espaço é o lugar apropriado e comum para existir. Crianças desconsideradas ou desestimadas tem grande possibilidade de sentir-se sem valor e na vida adulta estabelecerem relacionamentos em que se coloquem nessa posição, ou até mesmo crianças que vivenciam lugares violentos ou emocionalmente tóxicos passem a acreditar que o mundo é assim e isso dificulta um reconhecimento e um questionamento sobre os relacionamentos abusivos por exemplo.

Pensando no trabalho com pessoas que vivenciam um abuso na relação, é interessante compreender que o foco do trabalho não está apenas no processo de conscientização do relacionamento abusivo / tóxico ou até mesmo promover o distanciamento do chamado “abusador”. O processo terapêutico precisa incluir o entendimento dessas experiências vividas que provavelmente as mantém nessa situação, desenvolvendo ou criando novas possibilidades e crenças funcionais.

Grazielle Simone Alves Pereira

CRP: 06/164526
Psicóloga clínica graduada pela Universidade Cruzeiro do Sul e
Pós-graduando na abordagem Gestalt.

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